Das 20.000 pessoas que freqüentam as praias da Ilha de São Luís mensalmente, pelo menos 200 contaminam-se por coliformes fecais e microorganismos, como bactérias. Os dados foram fornecidos pelo Departamento de Saúde da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Com exceção de alguns trechos da praia do Araçagi, nenhuma outra - Ponta d’Areia, Calhau, São Marcos, Olho d’Água e Caolho - está em condições para banho.
“A principal causa da poluição é o lançamento de esgotos não tratados”, declarou o doutor em Engenharia Ambiental e professor do Departamento de Saúde da UFMA, Lúcio Macedo. Segundo ele, são produzidos, diariamente, cerca de 45 toneladas de rejeitos líquidos in natura na cidade. “Desse total, 34 toneladas contaminam o solo, manguezais, córregos, entre outros ambientes, e 11 são eliminados nas praias”, explicou.
Segundo o professor, a praia mais poluída é a Ponta d´Areia. “Em 2005, os estudos de balneabilidade (condições de banho) apontaram mais de 24 mil coliformes por 100 ml, quando o aceitável é de até 1.000 coliformes”, detalhou.
A carga poluidora das praias provém de mais de 40 bairros e localidades entre a Bacia do Rio Anil e a Bacia Litorânea (que compreende a orla). “Bairros como o Renascença, São Francisco, Parque Shalom, Vinhais e Cohaserma estão entre os maiores poluidores, sendo o Olho d´Água o ‘campeão’”, complementou.
Macedo ressaltou que têm sido registrados casos de doenças de pele e infecções intestinais em banhistas que freqüentam, principalmente a Ponta d´Areia, registros utilizados pelo professor em seu estudo.
O Estado visitou algumas praias e constatou reclamações dos banhistas. “Não deixo mais meu filho entrar nessa água, porque ele pegou uma verminose, atestada por exames médicos”, disse a comerciária Maria das Dores Costa, que ontem estava na praia do Olho d´Água.
O contador Messias Antunes também afirmou que adquiriu micoses na praia do Araçagi. “Em um fim de semana, tomei banho de mar e alguns dias depois tive irritação de pele e micoses, necessitando ir a um hospital”, contou.
“A recorrência desses males à saúde são indicadores do alto nível de poluição. Não há dados atualizados, pois há dois anos os órgãos de controle ambiental do Estado e do Município não mensuram ou publicam, periodicamente, dados da balneabilidade”, criticou Macedo.
Ele alertou que as secretarias Municipal e Estadual do Meio Ambiente transgridem resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). “Em outras capitais, vemos placas indicativas da proibição de banho e a população tem maior conscientização sobre os riscos”, observou.
Conforme Lúcio Macedo, a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (Caema) tem grande parcela de responsabilidade nos níveis de poluição. “Se às secretarias Estadual e Municipal cabe o monitoramento da orla, a Caema tem de realizar o saneamento da Bacia Litorânea, com a instalação de estações de coleta e tratamento”, afirmou.
Segundo o professor, há apenas alguns trechos de rede de coleta, que funcionam precariamente. “Recentemente, o Estado anunciou um aporte de mais de R$ 110 milhões para o projeto. Vamos esperar pelos resultados”, disse.
Lúcio Macedo apontou que um dos únicos projetos na área foi executado apenas parcialmente. “Trata-se do projeto de saneamento de adequação sanitária dos bares da Litorânea, idealizado pela UFMA e posto em prática pelo Município. Infelizmente, muitos donos de estabelecimentos continuam poluindo, principalmente no Olho d´ Água”, finalizou.
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Luís informou que o projeto de estudo de balneabilidade das praias já foi iniciado e que foram feitas, inclusive, vistorias em toda a orla marítima. O órgão alegou, no entanto, que a secretaria só não dispõe dos resultados de análises laboratoriais porque não tem laboratório específico, pois fora criada recentemente.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente informou que está executando o estudo de balneabilidade das praias, verificando a qualidade físico-química e bacteriológica da orla e mapeando os principais pontos de lançamento de esgoto. Segundo o órgão, assim que o estudo estiver finalizado será divulgado. Quanto às placas de sinalização, a secretaria informou que cabe à Prefeitura.
Imirante/O Estado
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