terça-feira, 26 de agosto de 2008

Pesquisa analisa calazar em pacientes com AIDS

A AIDS e o calazar apresentam sintomas semelhantes; o paciente pode ter dificuldades de responder a um tratamento porque além de uma patologia pode ter a outra. Nos últimos anos o número de casos das duas doenças tem sido elevado na ilha de São Luís, por isso, o Núcleo de Pesquisa: Epidemiologia das Doenças Transmissíveis, do Departamento de Enfermagem da UFMA, desenvolve estudo para saber, dentre os pacientes infectados pelo HIV, quantos estão contaminados pelo protozoário Leishmania chagasi, agente etiológico da Leishmaniose Visceral Humana (LVH) ou calazar.

O estudo teve início em março de 2007 e termina em janeiro de 2009. Até o momento 258 pacientes já foram examinados, todos com teste de HIV confirmado. Desses, apenas 4 apresentaram o teste de Intradermorreação de Montenegro (IDRM) positivo, o que significa que estas pessoas foram picadas pelo flebótomo, mas não estão doentes com calazar. Tendo em vista que os municípios de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar apresentam tanto casos de Aids como são endêmicos para calazar, esperava-se um número maior de infectados pelo Leishmania chagasi. 'Talvez este resultado seja devido à debilidade imunológicas dos pacientes com Aids e por isso não estão respondendo ao IDRM. Por outro lado, ainda não temos o resultado da sorologia para o calazar, o que pode mudar estes achados', esclarece Arlene de Jesus Caldas Mendes, coordenadora da pesquisa.

Entre 2000 e 2005, no Maranhão, foram registrados 31 casos de pacientes com as duas doenças. 'Observamos que os pacientes não estão co-infectados. Isso é muito bom, pois esperávamos maior prevalência e com apenas uma patologia eles vão responder melhor ao tratamento da AIDS', diz a pesquisadora.

De acordo com dados do Sistema de Informação de Notificação de Agravos (SINAN), entre 1998 e 2007, no Maranhão, foram notificados 4.359 casos de Aids (até junho de 2007). Entre 1982 e 2005, foram registrados 8.484 casos de calazar: 60% dessas ocorrências em São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. Em 2006, forma mais 259. Dos 217 municípios maranhenses, 119 já tiveram casos notificados de calazar.

Para saber se os pacientes infectados pelo HIV também estão contaminados pelo calazar são realizados dois exames: a IDRM e o exame sorológico anti-leishmania. Se a sorologia for positiva é solicitado outro teste, o aspirado de medula óssea (mielograma), que é o exame confirmatório. 'Caso a doença seja comprovada, o paciente é colocado no grupo dos co-infectados e receberá tratamento específico pra cada patologia', explica a professora Arlene.

O paciente com calazar apresenta os seguintes sintomas: perda de peso, febre por mais de 15 dias e aumento do fígado e do baço (hepatoesplenomegalia), entre outros. Segundo a pesquisadora, estar infectado pela Leishmania chagasi não significa estar doente. 'As pessoas com o sistema imunológico debilitado estão mais suscetíveis a desenvolver o calazar quando infectados', afirma Arlene. O flebótomo (Lutzomyia longipalpis) - vetor - transmite o protozoário do reservatório, geralmente o cão, ao homem.

A pesquisa também tem como objetivo descrever as características epidemiológicas, socioeconômicas, demográficas e ambientais das pessoas infectadas pelo HIV. Além da coordenadora, o estudo tem o apoio da médica infectologista Maria Conceição Pedrozo, e a participação da mestranda do Programa de Pós-Graduação Materno-Infantil pela UFMA, Flávia Carvalho, e da estudante de Medicina da Universidade, Zeyle Fernandes. As alunas participam de todas as etapas do estudo

As informações são da Universidade Federal do Maranhão

Imirante

Nenhum comentário: