TERESINA - Um acidente geológico aconteceu por volta das 2h da manhã desta quinta-feira (31) no bairro Cabral, zona centro/norte de Teresina. Um trecho da rua Francisco Mendes, nas proximidades da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), afundou, provocando a queda do muro da Apae, buracos no asfalto, além de várias rachaduras em algumas casas próximas ao local do acidente.
A rua foi isolada. Segundo o major Costa, do Corpo de Bombeiros, durante toda a madrugada equipes da Prefeitura, da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU), da Agespisa e os bombeiros trabalharam fazendo a retirada de materiais das casas afetadas. Agora, trabalham fazendo um levantamento para descobrir a causa das rachaduras.
As causas ainda são desconhecidas e estão sendo investigadas. O major Costa informou que há possibilidade de ter sido um abalo sísmico. "A gente observa que as casas foram bastante abaladas. Elas vão precisar de reparos em grandes proporções. As paredes tiveram afastamentos de até 20 centímentros", disse o major.
Segundo o empresário Orlando Borges, 63 anos, que mora próximo a região afetada, a moradora da residência que fica em frente à sede da Apae estava dormindo quando sentiu cair areia em cima de seu corpo. Foi ai que a senhora percebeu as rachaduras em suas residência e começou a alarmar a vizinhança que acordou assustada com os estragos na rua.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Piauí (CREA-PI), engenheiro José Borges Araújo, o que houve foi uma acomodação de terra. “Provavelmente aconteceu uma acomodação geológica na região. Deveria haver uma caverna subterrânea no local, e esse espaço deve ter sido preenchido pelas camadas superiores do solo”, disse o presidente.
José Borges afirmou também que será montada uma comissão para averiguar as causas do acidente. Num prazo máximo de quinze dias essa comissão irá expedir um laudo técnico apontando as causas desse acidente. A comissão será formada por representantes do CREA, professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e geólogos.
O presidente do CREA também descartou a possibilidade de que tenha havido um terremoto na área. “Não acredito que tenha ocorrido um terremoto, por que o terremoto não atinge um único ponto, ele é muito mais abrangente. Provavelmente o que houve aqui foi uma acomodação geológica mesmo” afirma Jose Borges.
Região de cavernas
Essa não é a primeira vez que acidentes como esse acontece em Teresina. No dia 29 de dezembro de 1999, um quarteirão da rua Simplício Mendes, no centro da capital, também afundou. Nesse caso, a causa do acidente foi a perfuração de um poço artesiano. Desde o episódio foi proibida a perfuração de poços na região central de Teresina.
O gerente de obras da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro/Norte (SDU), Weldon Alves, afirma que a região que fica entre os rios Poti e Parnaíba é cheia de cavernas subterrâneas, que servem como uma espécie de ligação entre os dois rios.
“Essa região aqui do centro, principalmente a que fica entre os nossos dois rios é repleta dessas cavernas subterrâneas. O lençol freático é imenso, e outros acidentes como esse aqui e o da Simplício Mendes podem ocorrer a qualquer momento. Cabe a nós da Prefeitura tomar as providências para evitar que novos acidentes aconteçam, e também tratar da recuperação desse trecho da rua”, afirma Weldon Alves.
Famílias
Segundo o major John Feitosa, chefe da Defesa Civil do Município, informou ao Portal AZ que as assistentes sociais do município irão manter contato com as famílias das casas afetadas pelo afundamento para que se faça a catalogação das mesmas e posteriormente sejam tomadas as devidas providências. A princípio as famílias serão transferidas para as casas dos parentes.
O trecho da rua Francisco Mendes que afundou já encontra-se isolada pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar. Técnicos da Agespisa também estão trabalhando no local, já que o afundamento da rua provocou o rompimento da tubulação.
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